Nascente e a Gruta do Almonda
A nascente do rio Almonda corresponde a um dos mais importantes aquíferos cársicos de Portugal e é alimentada por um sistema hidrológico subterrâneo baseado no polje de Mira-Minde (incluído na lista de sítios da Convenção de Ramsar, na Rede Natura 2000 e no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros). Os episódios de inundação do polje, com flutuações superiores a 100 metros no nível do lençol freático, são um exemplo raro na região biogeográfica Mediterrânica Ocidental.
Curiosamente, a nascente do Almonda não é abrangida pela área do Parque Natural [PNSAC], o que motivou uma apreciação muito crítica por parte da Sociedade Portuguesa de Espeleologia, aquando da revisão do respectivo Plano de Ordenamento: pese embora o unânime reconhecimento da importância do Maciço Calcário Estremenho enquanto região cársica mais característica de Portugal, onde se podem «ler» passos importantíssimos da evolução da Bacia Lusitânica, com extensos campos de lapiás, grupos de dolinas de várias tipologias e poljes de excelência, no qual existiam antes do início do desenvolvimento explosivo da exploração de pedra, mais de um milhar de grutas e que constitui o aquífero cársico com as nascentes mais caudalosas de Portugal [...] - no Regulamento não há qualquer referência à necessidade de anexar áreas contíguas do Maciço Calcário Estremenho quer porque constituem a continuidade natural de áreas do PNSAC, quer porque complementam a diversidade espeleológica, geológica e geomorfológica do PNSAC, quer ainda porque constituem áreas de prolongamento de grutas importantes ou fazem parte das bacias de alimentação de nascentes importantes. Para dar apenas três exemplos paradigmáticos do domínio da geomorfologia cársica, lembramos que a vertente nordeste do Polje de Minde, a Gruta dos Moinhos Velhos e a Gruta da Nascente do Almonda não estão incluídas na área do PNSAC.
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